quinta-feira, julho 27, 2006
CRIANÇAS SÃO 45% DOS REFUGIADOS
Quase metade dos refugiados libaneses tem até 12 anos. Este número esmagador, que dá a dimensão brutal da crise social provocada pela guerra no Líbano, foi revelado à delegação do Partido da Esquerda Europeia pela ministra dos Assuntos Sociais do governo libanês. "Os refugiados já representam cerca de 20% da população", explicou em Beirute o eurodeputado Miguel Portas ao Esquerda, por telefone.
Uma grande parte dos refugiados está acantonada em escolas e edifícios públicos, mas, como não há lugar para todos, muitos recorrem a casa abandonadas, a hotéis ou ao abrigo de pessoas de família ou amigos. É a estes últimos que é mais difícil fazer chegar a ajuda humanitária. É aqui, explica Miguel Portas, que entram as organizações não-governamentais que se mobilizam para fazer compras a preços mais baixos para criar cestas de produtos de primeira necessidade e distribui-los aos refugiados, enquanto que outros fazem o recenseamento dos que não estão em edifícios públicos e precisam de ajuda. Outras organizações têm pequenas clínicas móveis que acorrem ao sul de Beirute depois dos bombardeamentos.
A maior parte das pessoas que trabalham nestas organizações são jovens. "São eles que vão fazer hoje de manhã uma concentração na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, para pedir o fim da agressão israelita e um cessar-fogo imediato", disse Miguel Portas. Haverá intervenções em 16 idiomas, e a delegação do Partido da Esquerda Europeia vai estar presente.
Ontem, a delegação reuniu-se com representantes das duas organizações xiitas, o Hezbollah e o Amal. A posição de ambos partidos não está longe daquela defendida pelo primeiro-ministro Fuad Saniora: exigem o cessar-fogo incondicional e a troca de prisioneiros - incluindo os prisioneiros palestinianos - e medidas de emergência para valer aos desalojados como ponto de partida para qualquer acordo; pedem em seguida a resolução da questão das quintas de Shebaa, ainda ocupadas por Israel, e a retirada do Exército israelita para trás das suas fronteiras.
Quanto ao desarmamento das milícias xiitas, os dois partidos consideram que isso é uma questão interna do Líbano, que deve ser resolvida no quadro do diálogo nacional, que envolve todos os partidos e que já está em curso. O Hezbollah defende que deve ser posta de pé uma estratégia de defesa do Líbano, onde é preciso considerar o lugar da Resistência. Admite como uma das possibilidades a integração da sua milícia no Exército libanês.
Sobre a força multinacional de paz, o Hezbollah mantém o silêncio, enquanto que o Amal admite a deslocação de um força internacional que controle uma zona desmilitarizada. Mas essa zona deve ser formada igualmente por uma faixa do Sul do Líbano e do Norte de Israel.