quinta-feira, janeiro 04, 2007

 

Jean-Marie Le Pen considera que está no "centro direita" do tabuleiro político de xadrez

Um “homem de centro direita”. É assim que Jean-Marie Le Pen se caracteriza numa entrevista ao Paris Match, publicada quinta-feira. “Diz-se que Jean-Marie Le Pen é extremista, que é de extrema direita para desqualificar a minha mensagem. É falso, sou um homem de centro direita”, declara o presidente da Frente Nacional.

Recorda que pertencia em 1958 ao Centre National des Indépendants et Paysans (CNIP), de Antoine Pinay, e explica: “Era de centro direita. Defendia os mesmos ideias que agora.” “Não fui eu que me tornei extremista de direita, mas sim o corpo político francês que virou à esquerda”, prossegue Le Pen, que se esforça há muitos anos para “normalizar” a sua imagem.

“SOU BASTANTE GAULLISTA”

O presidente da FN afirma, além disso, estar próximo do general de Gaulle, apesar divergir em dois pontos. “Deveria ter feito a reconciliação dos Franceses depois da guerra: Pétain era o escudo, e ele a espada. E depois, estivemos em desacordo sobre a questão da Algéria francesa, mais sobre método que a essência.” “Mas de resto, sobre uma certa ideia da França, da sua especificidade, não discordo com ele. Nas sua reflexões patrióticas, sou bastante gaullista. O ultimo, talvez”, assegura.

À pergunta “Poderia governar?” Jean-Marie Le Pen responde: “Porque não!” “Há um sem número de nomes de altos funcionários e de personalidades que, sob o meu conselho, se mantêm em relativa obscuridade, que estão disponíveis para governar comigo”, explica o candidato da frentista, presente na segunda volta das eleições presidenciais em 2002.

Se fosse eleito, o dirigente da FN começaria “por uma auditoria geral sobre a situação francesa porque parece-me que a maior parte dos dados fundamentais não são conhecidos” e prepararia o advento de uma “república referendária” com o intuito de “aproximar” o povo francês das suas decisões. Em contrapartida, afirma que não tomaria “nenhuma” medida discriminatória se chegasse ao Elíseo.

A quatro meses das presidenciais, Jean-Marie Le Pen, “não descarta a hipótese” de uma nova candidatura de Jacques Chirac. Entre Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, explica que escolheria, se não participasse, o segundo no caso de haver uma segunda volta. Por outro lado, recusa pronunciar-se entre o candidato da UMP e Ségolène Royal. “Isso dependerá de circunstancias e de compromissos a que se proponham sobre um certo numero de questões”, explica, julgando os dois candidatos “excessivamente mediatizados”.


Artigo publicado no jornal Le Monde. 4.01.07.
(Proposta de tradução por João Machado-Entresede).

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